Argumentação e operadores
A argumentação é uma característica pertencente às situações de comunicação do falante de uma língua. Isso pode ser fundamentado pela ideia de que, ao utilizarmos a língua, seja na escrita, seja na fala, a nossa intenção é a de nos expressarmos.
O que foi apresentado anteriormente é o que afirma Oswald Ducrot, linguista francês do século XX. Para ele, a língua é fundamentalmente argumentativa, ou seja, as interações comunicativas estão permeadas por nossas intenções de tal forma que esses elementos linguísticos já estão contidos na estrutura da língua.
Isso acontece porque, de acordo com a intenção do falante, ele seleciona determinadas estruturas da língua para que o objetivo (intenção) dele seja alcançado. Dessa forma, ao fazer certas escolhas, a opinião do falante é evidenciada. É assim que podemos confirmar que a argumentação está, obrigatoriamente, presente na língua.
Entre essas “determinadas estruturas da língua”, encontramos os operadores argumentativos. Esses elementos são responsáveis por evidenciar a intensidade argumentativa do discurso e qual o caminho que o falante está trilhando.
A fim de que você domine esse recurso da linguagem, apresentaremos os tipos de operadores argumentativos e alguns exemplos do uso desses elementos. Vamos lá?
Ingedore Koch, linguista brasileira, por ser uma referência nacional em linguística textual, além de dialogar com a teoria da argumentação iniciada por Ducrot, foi a estudiosa que escolhemos para guiar a classificação dos operadores argumentativos da língua portuguesa:
1) Operadores que evidenciam o argumento mais forte de uma escala orientada no sentido de determinada conclusão: até / mesmo / até mesmo/ inclusive.
Ex: Ela disse-me, inclusive, que não eras tão confiável.
2) Operadores que somam argumentos a favor de uma mesma conclusão: e / também / ainda / nem / não só... mas também/ tanto... como / além de... / além disso... / a par de...
Ex: Além de ser um ótimo emprego, eu posso escolher o meu horário de trabalho.
3) Operadores que introduzem uma conclusão relativa a argumentos apresentados em enunciados anteriores: portanto / logo / por conseguinte / pois / em decorrência / consequentemente.
Ex: A mobilidade urbana tem seus problemas enraizados em questões que envolvem a cidadania. É um dever de todos, portanto, integrar uma movimentação para sanar essa situação.
4) Operadores que introduzem argumentos alternativos que levam a conclusões diferentes ou opostas: ou / ou então / quer... quer / seja... seja.
Ex: Vamos dividir a conta hoje. Ou você prefere que eu pague hoje e você paga a próxima saída?
5) Operadores que estabelecem relações de comparação entre elementos com vistas a uma dada conclusão: mais...que / menos...que / tão...quanto.
Ex: Ele foi tão culpado quanto o pai.
6) Operadores que introduzem uma justificativa ou explicação relativa ao enunciado anterior: porque / já que / pois
Ex: Isso não está certo porque é contra a lei.
7) Operadores que introduzem pressupostos no enunciado: já / ainda / agora
Ex: Você ainda mora com a sua mãe?
8) Operadores distribuídos em escalas opostas: afirmação parcial ou total ou negação parcial ou total: quase / apenas
Ex:
- Quase 80% das mulheres, no Brasil, já sofreram algum tipo de assédio na rua.
- O Governo gasta, em média, apenas R$3,00 por dia com a saúde pública no Brasil.
- Quase 80% das mulheres, no Brasil, já sofreram algum tipo de assédio na rua.
- O Governo gasta, em média, apenas R$3,00 por dia com a saúde pública no Brasil.
9) Operadores que contrapõem argumentos orientados para conclusões contrárias: mas / porém / contudo / todavia / no entanto / embora / ainda que / apesar de (que)
Ex: Vivemos em um país democrático, no entanto, as minorias, no Brasil, não têm seus direitos garantidos.
Tipo de marcador discursivo:
a) Inicio (topicalizaçao)
b) Adiçao
c) Continuidade
d) Inclusao
e) Ordem
f) Equivalência
g) Causalidade
h) Disconformidade
i) Desfecho (epílogo).
http://www.scielo.org.mx/img/revistas/peredu/v34n136/a7t1.jpg
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