A moda como objeto de informação:
o caso do Movimento Feminista Punk Riot Grrrl
o caso do Movimento Feminista Punk Riot Grrrl
Kedma Lima de Castro1, Jetur Lima de Castro2, Alessandra
Nunes de Oliveira2
1Universidade da Amazônia - UNAMA, Brasil
2Universidade Federal do Pará - UFPA, Brasil
2Universidade Federal do Pará - UFPA, Brasil
Resumo
Introdução: Ao se considerar
que a moda pode ser entendida como objeto de informação, o objetivo do trabalho
é apresentar as características de indumentária e de comportamento do movimento
feminista punk Riot Grrrrl como constituintes espaço de discurso e de linguagem e,
portanto, no escopo de investigações na área de Ciência de Informação e Biblioteconomia.
Método: Trata-se de pesquisa exploratória de base bibliográfica e documental.
Resultados: apresenta-se o momento histórico do movimento punk Riot Grrrl no contexto punk, analisando-se a temática do feminismo, a discussão de gênero e suas relações com a moda entendendo-se a indumentária das riots grrrls como forma de protesto e discurso político em seu contexto histórico-social.
Conclusão: as releituras visuais do movimento feminista punk, sustentadas em seus ideários radicais e seu impacto no universo da moda, revelam a representatividade da indumentária e do comportamento como formas emancipatórias no social, configurando-se como espaços de discurso e, portanto, de informação.
Método: Trata-se de pesquisa exploratória de base bibliográfica e documental.
Resultados: apresenta-se o momento histórico do movimento punk Riot Grrrl no contexto punk, analisando-se a temática do feminismo, a discussão de gênero e suas relações com a moda entendendo-se a indumentária das riots grrrls como forma de protesto e discurso político em seu contexto histórico-social.
Conclusão: as releituras visuais do movimento feminista punk, sustentadas em seus ideários radicais e seu impacto no universo da moda, revelam a representatividade da indumentária e do comportamento como formas emancipatórias no social, configurando-se como espaços de discurso e, portanto, de informação.
Palavras-Chave
Movimento
punk; Discurso de Gênero; Moda; Moda como informação; Feminismo
Abstract
Introduction: In considering the issue of fashion as an object of information, the study
aims to present the behavior and attire characteristics of the punk feminist movement
Riot Grrrrl as constituents of a singular language and discourse space and, therefore,
subject to further investigations by the area of Library and Information Science.
Method: This is an exploratory research of bibliographic and documentary base.
Results: it presents the historical scene of punk feminist movement Riot Grrrrl within the punk background, analyzing the theme of feminism, the discussion of gender and its relationship with the overall fashion context. It was revealed that the Riot Grrrrls’ behavior and attire act as way of gender and political dissent.
Conclusion: the visual reinterpretation of a punk feminist movement supported in their radical ideologies and their impact on the fashion world shows the representative nature of attire and behavior as emancipatory forms in the social, configured as discourse spaces and, therefore, as an information attribute.
Method: This is an exploratory research of bibliographic and documentary base.
Results: it presents the historical scene of punk feminist movement Riot Grrrrl within the punk background, analyzing the theme of feminism, the discussion of gender and its relationship with the overall fashion context. It was revealed that the Riot Grrrrls’ behavior and attire act as way of gender and political dissent.
Conclusion: the visual reinterpretation of a punk feminist movement supported in their radical ideologies and their impact on the fashion world shows the representative nature of attire and behavior as emancipatory forms in the social, configured as discourse spaces and, therefore, as an information attribute.
Keywords: Punk movement; Gender discourse; Fashion; Fashion as information; Feminism
Sumário
Introdução
Desde os primórdios da civilização, diversas formas de comunicação –
tais como os desenhos, signos, a escrita e outras manifestações – se desenvolveram
com o objetivo de informar e estimular a aprendizagem. É perceptível nesta
trajetória que cada indivíduo passou a encontrar maneiras de transpor sua
mensagem de forma que esta seja aceita por aqueles que se identificam com
ela.
M. Oliveira (2005, p. 19) ressalta que a informação “[...] é um fenômeno
tão amplo que abrange todos os aspectos da vida em sociedade” e, segundo
Miranda (2006, p. 103), “grupos distintos de pessoas têm diferentes necessidades e
hábitos de busca de informação, bem como estilos diferentes de processar a
informação”. Estas abordagens compreendem que a informação está inserida em
diferentes suportes e que há diversas formas de utilizá-la.
A moda - como aspecto da vida social - pode ser considerada uma manifestação e
uma representação informativa e, neste contexto, os movimentos sociais e de gênero
podem utilizar a moda como forma de evidenciar questionamentos na sociedade. A
identidade feminina pode ser compreendida no campo social como um fenômeno de
linguagem, veiculando valores individuais, sociais e políticos, no qual o discurso
feminista se utiliza do conceito de “gênero” para desnaturalizar os papéis e
identidades atribuídas às mulheres.
Por exemplo, no contexto da indumentária, o movimento feminista se insurgiu
frente ao estereótipo da vestimenta “conservadora”, no qual o ideal de gênero é
voltado à mulher mais recatada, dona do lar, aprisionada nas suas roupas,
que refletem um papel de submissão, restrição e obediência (Joaquim &
Mesquita, 2012).
Mais especificamente, o movimento feminista punk Riot Grrrl - que surge em 1990
nos Estados Unidos – relacionou a moda com a discussão de gênero, efetivando
rupturas no modelo normativo da mulher como “dona de um lar”, a partir da
exaltação de suas “virtudes naturais” e buscando avançar sobre a barreira
emancipatória feminina.
O movimento Riot Grrrl relaciona-se não apenas com a moda, enquanto
abordagem da indumentária, mas também por sua linha de referência de libertação,
apoiada em questionamentos sobre o que é imposto pela sociedade, e na busca de
uma identidade própria e emancipada da mulher. Essa rebeldia manifestou-se
em uma espécie de “popularização na maneira de se vestir”, de modo que
a semelhança da roupa impedia que se classificassem as diferentes classes
sociais, incluídas aí nas discussões de gênero, pois como afirmam Joaquim e
Mesquita (2012, p 99), “(...) a moda contribuiu para redefinir identidades
sociais, [desconfigurando] algumas das fronteiras simbólicas entre o masculino
e o feminino, sendo motor e reflexo das mudanças da condição feminina
(...)”.
Dado este contexto, o objetivo do estudo é apresentar as relações do Movimento
Punk e, mais especificamente, o Riot Grrrl com a moda, e esta como objeto de
informação. Discute-se o momento histórico deste movimento dentro do
contexto punk, analisando-se temática do feminismo, a discussão de gênero e as
reações que se estabelecem na moda considerando-se a indumentária das
Riot Girrrls nos anos 1990. Buscou-se verificar, igualmente, a relação do
Movimento Riot Girrrls com aquele contexto histórico sociopolítico, observando-se
a indumentária como forma de protesto e, portanto, de discurso daquela
comunidade.
Trata-se de uma pesquisa exploratória, de base bibliográfica e documental,
fundamentada em ideias especialmente Ribeiro, Costa, e Santiago (2012), Coloni e
Fernandes (2005), Bivar (1982) e Habermas (1987), sem dispensar as opiniões de
outros pensadores sobre o assunto abordado no trabalho. Gil (2002) afirma que a
pesquisa exploratória proporciona maior familiaridade com o problema ao explicitá-lo
e pode envolver tanto o levantamento bibliográfico como entrevistas com pessoas
experientes no problema pesquisado. A pesquisa exploratória apoia-se em
determinados princípios bastante difundidos: 1) a aprendizagem melhor se realiza
quando parte do conhecido; 2) deve-se buscar sempre ampliar o conhecimento e 3)
esperar respostas racionais pressupõe formulação de perguntas também racionais
(Piovesan, 1968).
Em outras palavras, o estudo exploratório, tem por objetivo conhecer a variável
de estudo tal como se apresenta, seu real significado e o contexto onde se insere.
Pressupõe-se que o comportamento humano é mais bem compreendido no contexto
social onde ocorrem (Queiróz, 1992). Assim, buscou-se maior conhecimento sobre o
problema para torná-lo mais explícito, e, assim “ [...]aumentar a familiaridade do
pesquisador com um ambiente, fato ou fenômeno, para a realização de uma pesquisa
futura mais precisa, ou modificar e clarificar conceitos” (Marconi & Lakatos, 2006,
p. 171).
A investigação oferece releituras visuais do movimento feminista punk em geral e
das Riot Grrrls em particular, e de seus ideários radicais no contexto do universo da
moda, na qual a indumentária pode ser discutida como forma emancipada no social e
entendida como um tipo de discurso representativo.
O movimento Punk
Surgido na década de 1970 nos Estados Unidos e na Inglaterra, o Movimento
Punk foi um fenômeno social marcado por sua forte ideologia de contestação do
sistema capitalista, sendo identificado como um movimento de contracultura.
O movimento foi questionador em seu contexto histórico e social, pois a
Inglaterra estava em plena desordem social, com aumento do desemprego e,
consequentemente, da violência. Com a diminuição da educação para as classes
baixas, um grupo de jovens insatisfeitos com esta situação percebeu que
já não havia um futuro e encontraram na música a sua expressão, como
forma de revolta contra as condições em que viviam. O punk motivou e
atraiu,
[...] a juventude identificada com o ritmo, às ideias anarquistas e
revolucionarias das letras que tratam de problemas sociais como
desemprego, as guerras, a violência, a contestação da ordem
burguesa, o papel do Estado, além de temas do cotidiano como
relacionamentos, drogas, diversão e outras situações vivenciadas pela
juventude (Ribeiro et al., 2012, p. 1).
A juventude que representava o Movimento Punk era marginalizada e
desaprovada pela sociedade por seus ideais de rebeldia e por suas revoltas contra o
sistema, pois ironizava a sociedade com suas músicas sarcásticas de acordo com a
realidade socioeconômica dos jovens.
Tendo como proposta a transgressão à ordem, ao sistema, à liberdade no consumo
das drogas, e o total repúdio ao consumismo, a palavra punk - como uma espécie de
gíria da língua inglesa – remete ao significado de sujeira, imoralidade, desrespeito à
ordem, cuja abordagem é identificada com o anarquismo e incorporando à estética
do antifascismo e do antimilitarismo (Weber, Gallina, & Ronsini, 2004,
p. 170).
O movimento abrangeu tanto os meios sociopolíticos, como da
arte, cultura e música, pois naquele momento o rock’n roll carecia de
inovação e os jovens precisavam de diversão e algo que rompesse com a
monotonia. O conceito de punk começou a surgir com a chegada da Banda
Ramones1
que revolucionou o então chamado punk rock, com contagiantes músicas de três
minutos e letras de questões cotidianas, as quais foram rapidamente aceitas por parte
do público (Souza & Fonseca, 2009).
Nesse mesmo contexto surgiram os
fanzines2
, carregando a ideia do “faça você mesmo” (do it yourself , lema do punk, que
tratava de produções totalmente independentes, organizando seus próprios
grupos musicais. Artistas e bandas produziam de forma autônoma desde suas
próprias roupas até seus discos, em uma guerra dos jovens contra o sistema,
utilizando os sons e as ideias punks como armas contra o capitalismo e o
consumismo.
A banda Sex Pistols foi uma das grandes precursoras do movimento punk, pois
trazia em suas letras a revolução da juventude, propostas anarquistas, contra toda
forma de opressão e poder. Seu primeiro sucesso, Anarchy in the U.K. (Anarquia no
Reino Unido) de 1976, expõe as finalidades do movimento:
Eu sou um anticristo, eu sou um anarquista. Não sei o que eu quero.
Mas eu sei como chegar La. Eu quero destruir quem passa por
mim. Porque eu quero ser anarquia – e não um cão. Eu quero ser a
Anarquia - entenda o que eu digo. E eu quero ser um Anarquista - me
defender e destruir (SEX PISTOLS... 1977)3
A partir da década de 1980, o estilo se tornou mais notório, pois passou a ganhar
destaque na mídia, sendo difundido por todo o mundo e relacionado à má reputação
dos seus integrantes e ao vandalismo. Embora tenha ganhado notoriedade mundial, o
estilo punk se transformou em produto de consumo, abandonando suas bases
originais e, ao visar fins lucrativos, tornou-se superficial, Para Iori, Menegazzi,
Moraes, e Richetti (2006) a sociedade industrial, a cultura massificada e os interesses
voltados à globalização degradaram toda a essência do punk que, “(...) de movimento
contestador, furioso e agressivo, [...] tornou-se estilo inofensivo, passivo e
padronizado”.
O Punk e suas vertentes no Brasil
De acordo com Bivar (1982), o Movimento Punk, vindo da Inglaterra, se alastrou
pelo mundo. No Brasil, segundo o documentário “Botinada! A origem do punk no Brasil
!”4
(Produzido por Gastão Moreira, em 2011) o punk rock chegou na década de 1980
com os vinis trazidos de Londres pela juventude da classe alta de Brasília que
estudaram na Inglaterra. No então contexto histórico da ditadura militar, os jovens
eram atraídos pelos ideais anarquistas.
Em 1990 ocorreram mudanças no movimento no Brasil - diferentemente dos
Estados Unidos e Inglaterra - e o punk rock se dividiu em outras vertentes, tais como
o Hardcore, representado por bandas de punk-hc tais como Ratos de Porão,
Inocentes, Cólera, Garotos Podres, Olho Seco, e Lixomania. O hardcore é
considerado uma segunda geração do punk como expõe o documentário “Botinada! A
origem do punk no Brasil”.
Apesar dos diferentes resultados estéticos de suas obras, muitos reivindicam o
termo hardcore para garantir uma inserção cultural ou por um laço de identidade ou
de pertencimento à cena punk. Assim, bandas tais como Dominatrix, a Skizitas, a
Zona X, e a Banda sem nome, manifestam um discurso alternativo ante a ordem e os
valores estabelecidos, instituindo aí, mais que uma prática cultural, uma manifestação
política5.
De acordo com Bivar (1982) em São Paulo o movimento manifestava sua rebeldia
a partir do “uniforme” (tudo preto: blusão de couro, o jeans, a camiseta, o
tênis ou o coturno, os botões com emblemas dos grupos), do comportamento
agressivo, e da música contestadora e acelerada, seca e ensurdecedora. Os
punks paulistanos tinham entre 18 a 27 anos em média e muitos eram do
proletariado. Com o ressurgimento do movimento, foi lançado o primeiro disco
independente do movimento Punk Rock no Brasil, O Grito Suburbano, das
bandas Cólera, Inocentes e Olho Seco, o que entusiasmou a juventude do
movimento.
Os punks Paulistanos começaram a editar seus fanzines, divulgando o movimento
com manifestos e comentando sobre o social punk e os jovens reformistas que buscam
em suas atitudes se rebelarem contra as opressões. O hardcore era retratado como
cotidiano vivido pela juventude paulistana e o som constituiu-se como instrumento de
incentivo à luta. Contudo, o movimento punk brasileiro ainda se mostrava fechado
para os ideais libertários feministas, ainda que o Riot Grrrl estivesse se formando no
cenário americano.
O movimento Riot Grrrl
O Riot Grrrl é o movimento de cultura juvenil, que abrange a música, o
feminismo, a cultura, a literatura, o cinema e a política. Surgiu em 1990 nos Estados
Unidos, formado por um grupo de garotas que contestaram as relações de gênero
dentro do movimento punk rock e os papéis sociais reservados às mulheres. O
contexto do Riot Grrrl engloba o movimento punk rock, expandindo-se globalmente
de forma acelerada e com o surgimento de grupos articulados. Conforme Melo (2006,
p. 1),
O feminismo Riot Grrrl partiu num primeiro momento de uma
inquietação políticas: numa conjuntura em que se propaga o
discurso de que “as mulheres conquistaram seu espaço” e de que
o feminismo é algo ultrapassado, nos parece oportuno de que
forma essas jovens feministas tem se constituído, remodelando e
apropriando o feminismo pautado nas experiências e visão de mundo
da juventude.
Na cena punk e hardcore as garotas começavam a contestar o domínio masculino
e o androcentrismo e passaram a dar voz à manifestação feminista. A proposta do
movimento Riot Grrrl era fazer com que as garotas participassem e se apropriassem
do cenário de discussão dos papéis sociais reservados as mulheres, defendendo assim
novas bandeiras do feminismo. A propagação das ideias das Riot Grrrls também se
fazia pelas zines ou fanzines, cheias de colagens e textos produzidos pelas próprias
garotas.
A zine Revolution Girl Style Now foi criada pelas punk feministas Ketheleen
Hanna e Alison Wolfe - ambas da cidade de Olympia/USA - já conhecidas pelas
várias manifestações pelo fim da violência contra a mulher, e a revolta pela ausência
das garotas na cena punk-hardcore. A dupla criou outra zine chamada Bikini Kill,
junto com Katie Wilcox, e logo o movimento conquistou visibilidade e passou a
organizar bandas só de mulheres. Ketheleen Hanna é reconhecida como a difusora,
pioneira e ícone da cena riot. O termo riot
[...] aparece pela primeira vez em outro zine de Tobi Vail – baterista
do Bikini Kill – e possui como significado literal ‘garotas amotinadas’
ou ‘motim de garotas’. O grrrl é onomatopeia usada para representar
um rosnado de raiva. Uma fúria do movimento dando a entender que
são garotas furiosas (Ribeiro et al., 2012, p. 7)
Hanna e Wolfe apresentavam elementos do feminismo como estilo de vida para a
cena hardcore influenciando outras garotas que passaram a serem difusoras do
feminismo riot, tais como June Jordan e Bell Hooks. Estas escritoras feministas têm
um papel importante na disseminação do movimento riot principalmente pelo
rompimento com as políticas excludentes voltadas à comunidade negra,
questionando o racismo e vinculando as bandas riot em suas ações de movimentos
sociais. Um elemento de difusão do movimento riot foi o Ladyfest, festival
que começou na cidade de Olympia, Estados Unidos, e depois se espalhou
por vários países. Consiste em um festival independente e de participação
voluntária que reúne bandas, oficinas, debates, músicas, expressões do feminismo,
vegetarianismo/veganismo, com todas essas ações voltadas para as relações de
gênero (Ribeiro et al., 2012).
No Brasil, Elisa Gargiulo se caracteriza como maior ícone de expressão do
Movimento. Em 1995 – com o punk e hardcore já presentes nos subúrbios brasileiros,
bandas como Bikini Kill e Bratmobile chegam aos ouvidos das brasileiras de faixa
etária entre treze a vinte anos - e estudantes de classe média - que se identificavam
com o som e as letras (Leite, 2012, p. 24).
Naquele momento havia mais homens na cena punk, criando assim um ambiente
hostil e intimidador para as garotas. Este cenário mudou com a criação da banda
Dominatrix – primeira banda punk feminista brasileira – criada pelas irmãs Elisa e
Isabella Gargiulo, que usavam a internet e mídias, tais como o Orkut e o
MSN/Messenger, como elementos de propagação e divulgação das suas músicas,
letras e shows.
Depois do surgimento da Dominatrix, outras bandas começaram a se difundir
dentro do movimento riot dentre eles estão: Kaos Klitoriano, Bulimia, No
Steriotypes, Cosmogonia, As Mercenárias e Menstruação Anárquica, e outras
vertentes, tais como o Queercore - que tem ligações e embasamento com o movimento
Lésbicas, Gays, Bissexuais e Travestis (LGBT) - e a Straight Edge, cuja
ideologia - dentro do punk - é voltada à defesa total de álcool, drogas e
veganismo6.
Conforme Ribeiro et al. (2012), as atitudes radicais tanto de estilo e
comportamento são características inerentes às garotas riots. A cultura
Riot Grrrl é aberta a novos costumes devido ao seu ambiente libertário,
explicitado nas letras, nas músicas e nas zines. Todas as garotas são
incentivadas e convidadas a produzirem e se expressarem, estimulando-se a
rebeldia e a libertação do corpo da mulher a partir do trabalho em produções
independentes. O Movimento contesta o ideal de beleza estimulado por revistas
teens7,
como dicas para emagrecer, para se tornar uma jovem bonita e para atrair rapazes.
As garotas riot contestavam toda e qualquer opressão do corpo, pois se vestiam
conforme gostavam (Arruda, 2011)).
Algumas riot usavam piercing, tatuagens, utilizando seu corpo como discurso
político. Muitas delas não se maquilavam e assumiam vestimentas masculinas, tais
como bermudas e bonés e, algumas das letras das bandas do Movimento expõem a
desconstrução de gênero, tais como:
Lutando pra ser mais bonitinha. Lutando pra ser o que a TV mostrou.
Pensar não vai te deixar com rugas. Saia da vitrine à espera de seu
par. Ser mulher não é ser uma boneca em carros à enfeitar. Como
a publicidade insiste em mostrar. Use a cabeça que você tem. Não
aceite ser objeto de ninguém. Não se submeta! Questione sempre
neste mundo feito só pra homens. (BULIMIA, 2008)8
O riot é a disseminação de ideias e ideais, buscando uma desconstrução da
sociedade por meio da crítica do gênero e da propagação de novas formas de fazer
política. Um exemplo de como as riots faziam do seu corpo um discurso
político, no qual proclamam a liberdade de suas ações e questionando o
Estado na repressão e opressão do corpo da mulher, pode ser verificada na
letra da música Meu Corpo é Meu da banda Dominatrix: “P*ta é aquela
que se dá para quem se dá sem o seu aval misógino, mas meu corpo é
meu”9
Assim, acompanhando o discurso presente nas letras das bandas, a moda punk
pode ser explorada como objeto de informação com significado semântico.
A moda punk enquanto discurso e como objeto de informação
A informação, em um dos sentidos dados pela Biblioteconomia e pela Ciência da
Informação, tem forte caráter social (Ortega, 2006). O “campo simbólico” da
informação na estrutura social se desenha como uma questão emancipatória na luta
pelos direitos iguais e pela liberdade, o que implica na democratização da informação
e do direito de ser informado.
Conforme A. C. Oliveira e Castilho (2008), o corpo pode ser considerado como
um índice das mudanças em curso na sociedade, uma vez que absorve e reflete as
informações do ambiente no qual está inserido. O corpo é dependente do meio físico
e dos contatos que estabelece, e nos quais se reconhecem padrões de comportamento,
traços de uma cultura e diálogos sócio históricos, o que é respaldado pelo caráter
comunicacional dos seres humanos.
Neste sentido, a análise crítica proposta por Habermas (1987) vem ao encontro
das discussões que podem envolver a Ciência da Informação e a Biblioteconomia e o
campo da Moda. Para o autor, o agir comunicativo se configura em atividades voltadas à
compreensão, via o diálogo compartilhado. A importância dessa aproximação é a
teoria crítica vista por Jürgen Habermas que parte dos pressupostos hermenêuticos
para compreender a relação do sujeito com o social, principalmente a partir de uma
emancipação10.
Para o pensador,
[a] compreensão hermenêutica é a interpretação de textos a partir
do conhecimento de textos já compreendidos; ela conduz a novos
processos de formação a partir do horizonte de processos de
formação já realizados; trata-se de um novo processo de socialização,
que se articula com uma socialização já percorrida, na medida em
que ela se apropria da tradição, ela dá prosseguimento à tradição
(Habermas, 1987, p. 237-38).
A compreensão hermenêutica tem, de acordo com sua estrutura, o objetivo de
assegurar no seio das tradições culturais, uma autoconcepção dos indivíduos e dos
grupos, susceptível de orientar a ação e o entendimento recíproco de diferentes
grupos e indivíduos. Ela possibilita a forma de um consenso espontâneo e o tipo da
intersubjetividade indireta; dela depende a atividade pertinente à comunicação
(Habermas, 1987, p. 186). Assim, a hermenêutica proposta por Habermas evoca o
caráter interpretativo da ação crítica e analítica com base nos métodos de
investigação do conhecimento. No campo da moda, o vestuário atua como um
conjunto de signos, que enfatiza a função de definição do ser social, ou seja, não se
limita simplesmente a uma função de proteção, pudor ou adereço, mas se impõe
como elemento de diferenciação, tornando o vestir-se um ato significativo e de
informação (Brandes & Souza, 2012).
Neira (2008) discute os conceitos de Roland Barthes relativos às semelhanças
estruturais entre a moda e a linguagem, na qual a escolha pessoal de cada indivíduo
(fala como traje) carrega uma potencialidade expressiva, ainda que não tome “a
moda como uma bandeira idealista de qualquer discurso [...]” (Barthes, 2004,
apud Neira, 2008, p. 5). Em um discurso de um movimento social, que em seu
fundamento não visava “ser a moda”, mas o que se veste se concretiza como desejos e
necessidades, a construção dos trajes e modos de vestir sofrem modificações; o
primeiro território onde isto se explicita é o próprio corpo, pois sobre ele fazem-se
as marcas e os símbolos, expressam-se os gestos e mudam-se os adereços
(A. C. Oliveira & Castilho, 2008).
Neste sentido, ao se buscar compreender a moda no contexto dos objetos
informação procura-se não somente entendê-la como um fenômeno ou modelo
estético, mas sim no estado transcendente, que apresentam diálogos críticos na
conjugação do autoritarismo e liberdade, ao se enfatizar a teoria crítica do corpo e
este corpo como emancipação e como luta contra o consenso (A. C. Oliveira &
Castilho, 2008, p 72-73). Para Castilho (2004) (apud Brandes & Souza, 2012,
p. 120) “a moda pode ser considerada um ato de presença do próprio sujeito no
mundo”. Para as autoras a moda filia o indivíduo a “...determinados discursos sociais
que expressam sua visão de mundo. De certa forma, todas as sociedades
vestem o corpo, seja com pinturas, tatuagens, escarificações, perfumes ou
roupas propriamente ditas, sempre com a intenção de construir seu discurso
e significar algo. Ao inserir-se no contexto da cultura corporal, a moda é
concebida como um sistema de significações por meio do qual o indivíduo cria
valores e interage com o mundo e com o outro” (Brandes & Souza, 2012,
p. 120)
Segundo Brandes e Souza (2012), a “roupa comunica a identidade de quem a
veste” e cada indivíduo, ao assumir esta ou aquela aparência, está constituindo
parte de sua identidade (Castilho, 2004, apud Brandes & Souza, 2012).
Bivar (1982) discute em seu livro “O que é o Punk” que outros movimentos
culturais da cena musical contribuíram para o Movimento punk e atingiram a
juventude alterando o seu modo de vestir. Segundo o autor, entre eles estão os
beatnicks nos anos de 1950, os hippies nos anos de 1960, e os mods, nos anos de
1950.
Mais especificamente ao movimento hippie, que naquele momento vivenciava a
sociedade alternativa - na qual a juventude defendia o amor livre e a não violência - a
liberdade do corpo sem repressões, Bivar (1982) destaca a indumentária particular,
composta de calças de jeans, pantalonas com boca de sino e, no lugar de
camisas e blusas; ambos os sexos usavam batas indianas, introduzindo o estilo
unissex.
No mundo da moda punk Vivienne Westwood é considerada a rainha do punk.
Nascida em 1941 numa pequena localidade da Inglaterra, explorou o universo feminista
libertário em seus desfiles, sendo uma das difusoras da moda punk feminista. Em
1965, já vivendo em Londres, Vivienne conheceu Malcolm McLaren e, juntos,
passaram a criar roupas alternativas. Nestas, a estética punk mostrava cabelos
espetados e coloridos, roupas velhas que simbolizavam o anticonsumismo; jaquetas
com frases de rejeição às injustiças de um estado repressor (Bortholuzzi, 2012). Com
o social invadindo o estético, a moda se apropriou do instinto selvagem da
juventude, e a “alta moda” já não era mais tendência, e sim o diferente, o
estilo individual, o look. Logo, Vivienne tomou para si a ‘estética da revolta’
11.
Com sua primeira loja, Let it Rock, criada em 1971, começou a produzir roupas
visando o público mais radical das periferias de Londres, sendo ela mesma
totalmente excêntrica, provocadora e irreverente. Criava roupas com ideais
políticos, com críticas ao social e temas eróticos. Utilizava, como forma
de crítica, muita cor preta, muito vermelho e outras cores fortes; muito
couro, correntes e rasgos, camisetas com estampas pornográficas de influência
fetichista (Rocha, 2005). Logo no início de sua carreira fazia suas roupas
no estilo do it yourself, já que a regra do punk é não existir regras. Para
Bortholuzzi,
[...] o movimento punk e o trabalho da estilista Vivienne Westwood,
resta claro que os traços desse movimento, mesmo que às vezes mais
apagados, estão visivelmente presentes no trabalho dela. Também
fica evidente que os indivíduos que pertencem a esse movimento
expressam sua revolta e seus ideais a partir da sua indumentária,
e que Vivienne tem imensa contribuição nisso (Bortholuzzi, 2012,
p 10).
Outros estilistas e outras marcas famosas também se inspiraram na estética
punk, desde as grifes mais inovadoras, tais como a Rodarte e a Alexander
McQueen. Até as mais clássicas, como Chanel e Givenchy, a exemplo do uso
das caveiras, que se tornaram símbolo do estilista brasileiro Alexandre
Herchcovitch, os spikes (objetos pontiagudos) invadiram a moda clássica e as
caveiras se proliferaram. Apesar do punk se opor ao mundo fashion como
movimento, a moda se apropria da estética punk, procurando capturar a rebeldia
juvenil.
Uma inspiração anterior que merece destaque é a da estilista Chanel que, em
1915, quebrou a barreira do feminino e masculino, não remodelando o corpo
feminino, mas sim o libertando, desprendendo-o, e transmutando a mulher, como
forma de protesto. Inovou a estética do seu tempo, desatrelando a imagem da mulher
daquela submetida ao uso de roupas opressoras, de cor predominantemente branca,
envolta em “frufrus”, golas altas e cinturas marcadas pelo sufocante espartilho
(Cláudio, 2009).
Para Braga (2004), Chanel inovou a moda ao fazer taileurs de jérsei, uma malha
de toque macio e com aspecto elástico e, assim, começou a surgir certo estilo
andrógino, o que parecia estar bem de acordo com os tempos, uma vez que a mulher
buscava sua emancipação. Além disto, para o autor, o fato das mulheres passarem a
ganhar dinheiro contribuiu para essa libertação.
No movimento riot verifica-se uma identidade particular. A maioria dos acessórios
usados pelas garotas riot eram pulseiras e cordões de spikes, alfinetes, piercings,
maquiagem marcada nos olhos (geralmente preta), meias em arrastão, geralmente
rasgadas e coturnos (Figura 1).
Ao se pensar em moda punk é necessário lembrar o que sua indumentária traz à
tona originalmente, ou seja, a revolta da juventude - focada na estética do belo e do
feio, que rompe com a imagem conservadora e com os costumes da sociedade -
assim como na crítica do sistema político e tendo no corpo um meio de
contestação, manifestação e rebeldia. A vestimenta dos jovens punks é agressiva,
incluindo roupas rasgadas e de segunda mão, com elementos como tachas,
correntes, alfinetes e seus complementos (cabelo, maquiagem e calçado entre
outros).
Segundo Coloni e Fernandes (2005), as garotas punks tendem a exagerar na
maquilagem carregando os olhos de preto, vestindo minivestidos, ou apenas uma
camisa de homem bem larga, complementada com uma gravata. Vários estilistas de
marcas famosas buscam ou buscaram inspirações do movimento punk, trazendo à
cena a indumentária juvenil extremista e rebelde, principalmente para as garotas,
ainda que os garotos também comprassem
peças de roupas de segunda mão, paletós, calças, camisas, gravatas
que eles usavam do jeito que eram encontradas ou dando-lhe
um retoque pessoal nelas ou arrancando pedaços aqui e ali e
acrescentando manchas, mensagens e símbolos, colocando alfinetes e
correntes e até mesmo rasgando as peças mostrando um efeito de que
foram resgatadas de uma guerra. Este aspecto visual do movimento
punk casou um forte impacto na época onde a Inglaterra vinha de
uma imagem de tradição conversadora gerando assim um ataque
frontal a sociedade (Coloni & Fernandes, 2005, p. 126)
Sendo assim, a moda pode exercer um papel de ferramenta ideológica no meio
social e cada indivíduo a traduz de um modo diferente, atuando como um meio
informacional que gera em todos os indivíduos um conjunto de significados, conceitos
e amplitudes diferentes. O punk, por exemplo, usa não só a música como,
principalmente, a roupa para provocar e desafiar a ideologia dominante; contestar a
política, a distribuição do poder na ordem social, e revelar sua indignação e
insatisfação contra o sistema.
Segundo Ciquini (2010, p. 14) “a partir da década de 1990, pipocam butiques nos
grandes centros urbanos vendendo acessórios e roupas características dos punks. O
que antes era vil e de extremo mau gosto agora é vendido quase como item
indispensável no guarda-roupa”. As impressões do vestuário punk feminista propõem
que os indivíduos incorporem o espírito do estilo pelas peças de roupa vestem,
embora, o autor faça algumas ponderações considerando as pessoas que usam tais
peças tenham se apropriado do seu contexto histórico e de suas questões
simbólicas.
Essas novas formas de ver o punk abriram o Movimento para todas as pessoas,
convidando-as a adotá-lo como estilo, ainda que não necessariamente se proponha a
que elas se identifiquem com a ideologia do Movimento. A moda tende a flertar com
elementos da rebeldia, a exemplo da coleção exposta por Alexander McQueen em
Paris para o verão de 2014. Percebe-se que McQueen, em suas releituras,
resgata muitos elementos do punk, como o couro, o spike, os rebites. A Rainha
do Punk, Vivienne Westwood, por sua vez, com a coleção de Verão 2012
em Paris, continua a trazer elementos da cultura punk associados à moda
contemporânea, privilegiando o visual chocante e extravagante das peças rasgadas
(Figura 2).
As fast fashions/moda rápida (grandes marcas/magazines de produção), tais
como a internacional C&A e a brasileira Riachuelo, tem se apropriado do que foi
exibido nas passarelas para seus editoriais e, em suas novas coleções apresentam as
influências de rebeldia punk. Passam a propor para um grupo mais amplo de jovens
outras formas ver o “novo punk”. O editorial da C&A para sua coleção de 2014 foi
inspirado na rebeldia punk (Rocha, 2005) (Figura 3).
Ali estão as roupas em xadrez, rasgadas, desfiadas com estampas de bandas ou
até mesmo, as que divulgam o feminismo, a proposta do uso de acessórios pesados,
de couro, e rebites, e o retorno da estética do “faça você mesmo”. Nestas novas
aproximações se observam as influências tanto da estética do punk feminista, no
“faça você mesmo”, tanto pelas peças inspiradas nos grandes estilistas do
estilo, como em um revival de sensações que passa a ser estampado nas
lojas “de departamento” e para quem quiser “ter sua rebeldia” exibida a
todos.
Considerações finais
Esta pesquisa teve como finalidade relatar a identidade do
movimento feminista punk Riot Grrrl – enquanto ativismo sociopolítico - com foco
no seu histórico, lutas, e diversidade mecanismos informativos. O estilo riot se
configurou como um mecanismo para transmitir, não só na cena underground, punk
ou hardcore, o espaço do feminino. Disseminou ideias e ideais a partir de informações
codificadas na indumentária, nas letras das músicas das bandas e das fanzines. Para
o Movimento, o corpo feminino e a roupa são formas de discurso voltadas às
discussões de gênero com fortes significados de revolta e na necessidade de
emancipação dos estereótipos e da estética de comportamento da sociedade
patriarcal.
A investigação analisa um entre vários movimentos de contracultura que pode ser
estudado a partir de suas expressões. Entre estas, a função da moda aparece como
um espaço de discurso e, portanto, de informação.
Sendo assim, o diálogo da Biblioteconomia e para a Ciência da Informação com o
campo da moda pode propiciar estudos voltados aos grupos e movimentos sociais e
suas respectivas representações informativas. A ação interdisciplinar da Ciência da
informação e da Biblioteconomia com a moda poderia se aprofundar, igualmente,
no caráter prático nas relações humanas e na sua efetiva participação na
interpretação de contextos sociais além daqueles definidos em estruturas
textuais.
A estrutura simbólica da indumentária feminista das riots carrega significações
sociais em um determinado contexto histórico, o qual é revisitado com objetivos
distintos dos originais (apreensão pelas fast fashion, por exemplo), cuja
representação informativa procura reproduzir os conceitos de rebeldia e do do
yourself promovidos pelo movimento punk. Sendo assim, a interação e a relação
interpessoal na vertente da moda como objeto de informação e do corpo como
discurso permitiria uma discussão alinhada aos atos comunicativos, ao diálogo, e
estes como propostas de emancipação nos quais o indivíduo cria valores e interage
com o mundo e com o outro.
Embora este seja um estudo exploratório, o tema da moda e indumentária
poderia vir a contribuir como um espaço para investigações relativas à informação e
às linguagens visuais no contexto da Ciência da Informação e da Biblioteconomia.
1Ramones foi uma banda norte-americana de punk rock formada em Forest Hills, Nova York,
no ano de 1974. É considerada como precursora do estilo e uma das bandas mais influentes e
importantes da história do rock - http://ramones.com/
2[…] Fanzine é a junção das palavras fan (de fã, em português) com magazine
(revista, em inglês). Fanzine = uma revista feita pelo fã e para o fã. (BIVAR, 1982,
p.51)
3I’m an antichrist, I’m an anarchist. Don’t know what I want. But I know how to get it.
I wanna destroy the passerby. Cause I want to be anarchy. No dog’s body (...) And I wanna
be an anarchist. I get pissed, destroy. SEX PISTOLS. (Anarchy in the U.K) Never Mind the
Bollocks, Here’s the Sex Pistols. Londres: Warner Bros record, 1977. 1 disco sonoro (37 min),
33 1/3 RPM, estéreo.
4Documentário sobre opunk no Brasil, dirigido por Gastão Moreira, “Botinada: A Origem do
Punk no Brasil” apresenta a história do movimento punk, que se formou em diversas
regiões do Brasil, principalmente São Paulo e Brasília, no começo da década de 1980,
influenciado inicialmente pelos movimentos surgidos na Inglaterra e Estados Unidos durante o
final da década de 1970. Este documentário foi construído através de diversos relatos
daqueles que participaram ativamente do movimento e o vivenciaram desde o seu início.
Figuras que marcaram a cena musical punk paulista e brasiliense, além de outros que
frequentaram os locais de encontro da juventude punk dão seu depoimento sobre este
movimento de natureza controversa e rebelde, tentando definir seu objetivo e as suas origens,
mostrando as suas peculiaridades em relação aos exemplos estrangeiros. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=22lSR-o4n98
6Modo de vida que busca eliminar toda forma de exploração de animais, não apenas na
dieta, mas no vestuário, em testes e na composição de produtos, no trabalho, no entretenimento e
no comércio (Monteiro & Garcia, 2013, p 6)
10Autorreflexão é percepção sensível e emancipação, compreensão imperativa e libertação da
dependência dogmática numa mesma experiência (Habermas, 1987, p 228)
11Na ‘estética da revolta’, a ação estética é diretamente ação política, quando, por exemplo,
é ligada a uma infração, transgressão de leis ou de proibições. Na estética da resistência, a
consciência política reflete suas dúvidas artisticamente, sua história, seu possível fracasso,
as perguntas não respondidas com as quais todo fazer político se ocupa. Na estética
da revolta, a arte participa diretamente de um movimento político (Lehmann, 2014,
p. 17)
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(Jornada de Iniciação Cientifica da INTERCOM)
Histórico Editorial / History
Recebido / Submitted: 12 Jun. 2015
Aceito /
Approved: 04 Ago. 2015
Como citar este artigo (APA) / How to cite this article (APA)
Castro,
K. L., Castro, J. L. & Oliveira, A. N. (2015). A moda como objeto de
informação: o caso do Movimento Feminista Punk Riot Grrrl. AtoZ: novas
práticas em informação e conhecimento, 4(1), 24 – 33. Recuperado em:
http://dx.doi.org/10.5380/atoz.v4i1.41762
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