NÍVEL E REGISTOS do Português
Vamos distinguir um tipo de registo que só
existe na forma escrita. É o nível
linguístico literário usado na prosa e na poesia elaboradas por aqueles que
se dedicam às formas artísticas da literatura. “singelo”,...
Passamos a apresentar quatro níveis de língua
que se usam tanto na oralidade como na escrita.
Aqueles que, sem preocupações literárias,
falam e escrevem com as palavras adequadas e elegantes e algumas estruturas
sintácticas complexas usam o nível cuidado. É o nível que os professores têm por missão ensinar aos
estudantes para que estes possam compreender as pessoas de níveis culturais e
académicos mais elevados. Este registo cuidado caracteriza-se
por um vocabulário mais erudito e variado (alternamos entrepenso, considero,
julgo, parece-me, estou em crer), pelo cuidado na aplicação dos tempos e
modos verbais apropriados (peço que façam em vez de “peço para
fazerem”, dar-lhes-ia em vez de “dava-lhes”) e por uma construção
gramatical complexa, denunciando a sua preparação escrita, mesmo quando é
transmitido oralmente.
O registo formal ou
informal é motivado pelo ambiente em que a comunicação decorre e pelas
relações sociais (empregado-patrão; aluno-professor; amigo-amigo, pai-filho,
etc.) existentes entre os interlocutores. Creio que a frase que submete ao
nosso apreço pode ser encarada do ponto de vista do tipo de registo e,
claramente, trata-se de um registo informal, produto de uma conversa entre
amigos. As marcas desse registo informal estão presentes na pronúncia um pouco
descuidada, digamos assim, e na simplicidade do vocabulário usado.
A maioria dos falantes usa palavras e
estruturas gramaticais compreensíveis e comuns. É o nível corrente ou norma. É
caracterizado pelo emprego de palavras, expressões e construções gramaticais
simples e vulgares (chato e ok), formas verbais de substituição (“vou-te levar”
em vez de levar-te-ei, “gostava” em vez de gostaria), sem a
preocupação de variar o léxico ou embelezar a expressão.
No contato entre familiares e amigos, usamos
palavras com valor especial sobretudo íntimo, afetivo e, por vezes,
descontraído. É o nível familiar.
Do mesmo modo, falaremos de nível, ou
linguagem familiar, se houver marcas ou palavras que ilustrem uma relação de
intimidade. Expressões como “quiduxo”, “ninar” e “nené” são características da
linguagem familiar e ilustram uma relação de grande proximidade entre locutor e
interlocutor. Emprega um vocabulário simples, pouco
variado, e construções frásicas igualmente simplificadas (“tudo bem?”),
deixando transparecer emoções, afectividade (“'tá igualzinho!”,
"obrigadinho"). Apresenta expressões idiomáticas (“ele não me
passou cartão”, "estou-me nas tintas") e abreviaturas que
simplifiquem a pronúncia e facilitem a escrita, como ‘'tive" e
"prà" em vez de “estive” e “para a”, e tende a ser escrito
apenas em mensagens informais (e-mails, cartas, SMS).
O nível linguístico popular É caracterizado por incorrecções ("há-des/há-dem",
"fiz-os", "pus-os", "dêiamos",
"póssamos") e por um conjunto de termos pitorescos,
caracteristicamente usados pelas camadas ditas “menos cultas” da população (o"tiosque" onde
se vendem jornais", o "castrol" no sangue, as "parteleiras",
os ovos "móis"). É sobretudo ouvido, mais do que lido,
mas pode ser reproduzido por escritores de obras literárias que procuram
caracterizar as personagens por meio da linguagem que estas utilizam no discurso
directo. "Dêiamos" é o que muita gente em Portugal diz em vez de
"dêmos" - quando se trata do Imperativo, para a primeira pessoa do
plural. Por exemplo na frase "dêmos as mãos" (= "vamos dar as
mãos!", ou "que tal darmos as mãos?").Dar na veneta: vir à ideia, mania, pancada, capricho, "Deu-lhe na veneta/ É da veneta"
Pode ser subdividido em vários subconjuntos:
Regionalismos – o
vocabulário, as estruturas sintáticas, a fonética e a prosódia podem apresentar
variações em função da região dos falantes.
Numa frase como «Acabou-se o lête», toda a
gente identifica o Alentejo… do mesmo modo que o Norte se pode “encontrar” numa
frase do tipo «A bida está má». Estes são casos que ilustram a linguagem
popular, na vertente regionalismo.
Gírias – linguagens próprias de grupos socioprofissionais
restritos como estudantes, militares, cibernautas, etc.
O uso de expressões como «Tenho furo porque o
s´tor faltou» são características da gíria estudantil em Portugal, uma das
variantes da linguagem popular. 1 «Não tive aula porque o professor
faltou.»
Calão – é o regist{r}o linguístico dos elementos da etnia cigana que em Portugal são chamados calés ou calós. Muitos indivíduos não ciganos usam frequentemente termos de calão.
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