Segurança e Saúde no Trabalho –
o Stress entre os Profissionais
da Educação
O
stress é o segundo problema de saúde mais reportado em questões de
trabalho, depois das dores nas costas, e afeta quase um em quatro trabalhadores
da União Europeia (EU). Entre 50 a 60 % de ausências ao trabalho estão
relacionadas com o stress. Experimentamos um estado de stress quando
percebemos um desequilíbrio entre as
exigências que nos são feitas e os recursos que temos disponíveis
para com elas lidar. O stress não é uma doença,
mas pode levar a doenças físicas e/ou
mentais. As raízes do stress na Educação residem
no modo como o ensino e a escola estão organizados, como um todo. O stress
provoca reações individuais, cognitivas, comportamentais e fisiológicas. Os
seus efeitos afetam a saúde e segurança dos trabalhadores, a saúde das
organizações e a saúde da economia nacional.
Em 2005, os líderes da União Europeia (EU)
reconsideraram as novas exigências associadas à profissão de professor,
formador e educador, no sentido de encontrar soluções para gerir o aumento de
pressão social sentida no sistema educacional, bem como o stress
relacionado com o trabalho dos profissionais do setor. A Organização Mundial de
Saúde e as Nações Unidas definem-no como uma “verdadeira epidemia mundial” ou a
“doença do século XXI”.
No setor da educação, Portugal está nos primeiros lugares na Europa em variáveis
como o stress e o colapso físico ou mental. A sobrecarga de trabalho burocrático, o excesso de
missões da escola, a indisciplina dos alunos, as pressões de tempo,
precariedade no trabalho, a inadequação salarial, um desajustado processo de
avaliação, uma cada vez maior fragilidade do estatuto docente, um desequilíbrio
entre trabalho e vida particular e a falta de reconhecimento da sua competência
pela sociedade são alguns dos fatores apontados pelos professores como
geradores de stress. O stress tem tido, assim, quer um forte impacto
na saúde física e psicológica dos trabalhadores, quer na qualidade do ensino e
associa-se a fenómenos como o absentismo ou a intenção de abandono da
profissão.
Incompreensivelmente,
Portugal encontra-se abaixo da média europeia no que se refere à existência de
procedimentos preventivos para combater o stress. Em consequência, a FNE defende a urgente implementação de uma intervenção
consistente e continuada, necessariamente multifacetada, que integre quer uma
análise adequada dos riscos, quer a combinação de medidas orientadas para o
trabalhador da educação e para o seu ambiente de trabalho, apoiando-se sempre
no conhecimento e na experiência de especialistas.
Este seminário enquadra-se numa ação interventiva mais
global da nossa Federação, no âmbito da Segurança e Saúde no Trabalho, e visa
dar visibilidade ao fenómeno do stress entre profissionais da educação,
reforçando-lhes os conhecimentos e competências, e dotando-os, ao mesmo tempo,
de uma maior resiliência na gestão de riscos psicossociais com que se deparam
no seu quotidiano profissional.
A FNE acompanha-vos, deste modo, como profissionais da
educação, na construção de um sistema educativo de qualidade, que congregue, a
um só tempo, o saudável, com o produtivo e o gratificante.
Em simultâneo, a FNE acompanha as preocupações do
Comité Sindical Europeu da Educação (CSEE) que, saudando a iniciativa do novo
Quadro Estratégico da União Europeia em Matéria de Saúde e Segurança no
Trabalho 2014 - 2020, realçou no entanto que uma política nesta matéria tem que
abranger todos os níveis de educação, incluindo educação e formação vocacional,
ensino superior e investigação, e todos os profissionais do setor, quaisquer que
sejam as suas responsabilidades.
A Educação enfrenta as consequências da crise
económica e a falta de visão e coragem dos responsáveis pelas políticas
educativas. As escolas como local de trabalho de docentes
e não docentes e como instituições de ensino para todos os tipos de estudantes
devem ser lugares seguros, saudáveis e propícios para o ensino e aprendizagem.
O stress pode ser prejudicial para todos os profissionais da educação, mas
também pode prejudicar os alunos e colocar em risco a qualidade e eficiência do
ensino ministrado.
Para
a FNE, prevenir e lidar da melhor forma com o stress é trabalhar por uma
educação de qualidade e por uma saúde mais benéfica para todos os trabalhadores
do setor.
Comentários
Enviar um comentário
Obrigado pelos teus comentários